segunda-feira, 20 de junho de 2011

Greve, 2° Ato

Greve, 2° Ato
            Entramos em uma nova fase da greve. Esta, por si mesma, decisiva! Até aqui o que prevaleceu foi a diplomacia e a negociação com o governo, que atendia a categoria, através do comando de greve, com certa reverência, no entanto, com poucas propostas plausíveis e confiáveis.  O sindicato procurou construir uma relação diferenciada com a sociedade, buscamos avançar contando com o apoio da mídia e da opinião pública.
            Nesta primeira configuração passaram-se 33 dias de greve e 05 rodadas de negociação em  audiências, muito embora com pouca negociação com relação à questão financeira. O governo nas últimas três interlocuções manteve o discurso do limite financeiro de 22 milhões para aplicação imediata, e não concordou em estabelecer um cronograma de avanços futuros, apesar de dizer que no futuro é possível avançar em questões como o caso da recomposição da tabela salarial e da regência de classe.
            Mesmo reconhecendo que a greve já é vitoriosa, pois até o momento se dizia que “a vaca tinha secado e leite derramado”, não é aceitável qualquer discussão sem datas contundentes, pois sem estas datas pré-determinadas, faz eco o pensamento coletivo da categoria de que não há  qualquer garantia que as promessas sejam cumpridas. Vejam que o governo procura uma saída maestral, joga toda responsabilidade para uma comissão paritária, que seria constituída entre governo e sindicato que seguiriam a negociação. Esta proposição não foi suficiente, segundo avaliações confirmadas nas assembleias regionais, que rechaçaram a proposta e optaram pela continuidade da greve.
            Portanto, entramos para um novo momento, onde o governo endurece o discurso e a prática autoritária, como o desconto, alinhando a base governista na ALESC, diz que tudo o que havia para ser feito o governo já fez. Afirma por frases e ações que o período da paz e do amor já acabou, e que agora somente com a manutenção do quadro de greve e, com fortes mobilizações poderemos estabelecer um novo patamar nas negociações.
            Sabemos de onde o governo pode obter mais recursos, ou seja: da desvinculação dos recursos do FUNDEB; do pagamento dos aposentados com os recursos do IPREV e do Tesouro do Estado; do repasse dos recursos dos Fundos do Estado; da redução do número de SDRs de acordo com o número de associações de municípios; do aumento dos investimentos em educação para no mínimo 30% do orçamento; e outras formas de gestão dos recursos públicos, colocando a educação em lugar de destaque estratégico para o estado de Santa Catarina.
            Qualquer avanço, no presente momento depende de acabar imediatamente com essa posição governista de limite financeiro mínimo para educação, que não permite a percepção de qualquer benefício financeiro para graduados e pós-graduados, que investiram e dispuseram de tempo para o aperfeiçoamento e que são a maioria dos profissionais da categoria. Segundo projeção do SINTE mais de 75% da categoria. Até porque sabemos que para outros fins há dinheiro.
            O governo Colombo ainda não disse a que veio. Passou cinco meses de governo dizendo que precisava formar caixa, para depois iniciar o trabalho, agora diz aos trabalhadores em educação que não tem dinheiro. Ora, para onde foram as economias dos cinco meses? E por que não decreta logo a aplicação correta dos recursos do FUNDEB e resolve de uma vez por todas essa greve? Temos que levar essas reflexões para sociedade, e pedir de imediato uma nova proposta do governo ao Magistério, com um cronograma estabelecido e com clareza do que será nosso plano de carreira daqui para frente.
            Não podemos negar que essa greve nos possibilitou avanços importantes até o momento, como: o fato de expor pra toda a sociedade a aplicação irregular dos recursos do FUNDEB; derrubar o discurso do governo de que já pagava o piso; expor a baixa remuneração dos trabalhadores em educação para a população que nos considerava uma casta; o reconhecimento de que as faltas registradas no período da ditadura LHS e Bauer tenham de ser anistiadas; que é urgente a realização de concurso público e outros. Mas o que realmente faz a diferença nesta greve é a disponibilidade dessa categoria em lutar, para mim esse é o principal avanço.
            Por fim, esse é o momento crucial da greve, é agora que realmente estamos sendo testados pelo governo, agora não podemos nos dar o direito de recuar. A categoria decidiu em uníssono por todo estado que não podemos aceitar o que o governo nos propôs até o momento.
            Agora é o momento de sermos realmente fortes pois o que está em jogo é nossa carreira e se o governo nos fazer voltar agora com ameaças e punições, teremos mais três anos e meio de amarguras, portanto cada um de nós tem o compromisso de se manter firme na luta e não deixar o colega esmorecer.
            Nesta terça-feira dia 21 o comando de greve do SINTE estará reunido em Florianópolis e encaminhará novas estratégias que devem ser seguidas a risca, há sugestão de estarmos mais presentes na capital e isso demanda preparo e organização.
            Em algumas regionais está se organizando fundo um fundo solidário para nos ajudarmos mutuamente em caso de necessidades de algum companheiro. Acredito que a solidariedade em momentos como esse é fundamental. Isso já se percebe, quando recebemos apoio dos sindicatos das outras categorias que nos apóiam inclusive financeiramente.
            Temos de ocupar os espaços na mídia regional e nos espaços institucionais, como nas câmaras de vereadores, pois o governo vai investir alto na grande mídia para enganar a opinião pública, tentando nos colocar em desvantagem, e não teremos recursos para disputar a grande mídia, temos de ser criativos e usar as armas que temos para esclarecer a população.
            A luta continua, e dela depende nosso futuro,
            Um abraço a todos e muita perseverança...

            Prof. Aldoir J. Kraemer



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