DOMINGO - 19-06
Assembléia dia 16-06
Mais de 500 profissionais da educação estiveram presentes na assembleia regional e decidiram pela continuidade da greve.
A proposta apresentada pelo governador não atende as principais reivindicações da categoria, os professores, com pós-graduação e com aulas excedentes perdem.
O comando da greve comunica aos professores da regional que o ponto de encontro do comando da greve é em frente da E.E.B. São Miguel diariamente a partir da 9hs e a tarde a partir das 14hs.
Fotos da Assembleia regional do dia 16/06.
ESCOLAS, GAIOLAS E ASAS.
Da Professora Ju Treviso: “Esclarecimento
Caro Moacir, senhores pais em especial senhora JUH:
Gostaria neste depoimento de esclarecer algumas dúvidas da senhora Juh e de outros pais da nossa sociedade.
Peço desculpas se serei um tanto dura, mas chega a um ponto que nosso coração dói após tanta pressão, tanta falta de compreensão. Em primeiro lugar agradeço aos pais que compreendem nossas razões e que mesmo sabendo das perdas de conteúdos dos seus filhos, estão nos dando força e apoiando nessa busca por justiça. Agradecer também de coração por termos esse espaço para mostrar a realidade destes profissionais da educação, que estão sendo tão criticados por pessoas que estão tendo apenas uma dimensão do grande problema.
Peço licença para senhora Juh para usar partes de seu depoimento para tornar mais claras algumas dúvidas aqui apresentadas:
“Venho como mãe de alunos que estão sendo privados de buscar conhecimento… E pergunto, o estatuto da criança e do adolescente não diz que a educação é um direito adquirido dos mesmos, então se os professores reclamam que os direitos deles estão sendo feridos. E os alunos, dirão o que”?
Bem, para iniciar gostaria de colocar que a busca do conhecimento não se dá apenas no ambiente escolar, ninguém, nem mesmo os alunos estão “privados” de buscar conhecimentos, aliás, aqueles que realmente são bons alunos, não esperam apenas da escola e dos professores. O interesse em aprender vem de dentro. Na escola acontece a sistematização e organização dos pensamentos acerca das ideias e dos conceitos que possuem. Cito um pensamento do nosso querido Rubem Alves:
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
“Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”. Rubem Alves.
Outro ponto que gostaria de destacar, é que a educação não é apenas responsabilidade da escola e dos professores, mas de toda a sociedade, portanto, dos pais também. Não estou querendo tirar minha parcela de responsabilidade não, até porque tenho consciência de que minha profissão só existe por causa dos alunos, e é por eles também que estou lutando. Antes de ser professora, sou mãe, e também me preocupo com a educação da minha filha, contudo não posso jogar a culpa de determinadas situações a apenas uma pessoa ou categoria, também sou responsável por ela. Nós professores recorremos à greve como último recurso para fazer com que fosse cumprida uma lei que foi aprovada em 2008 e até agora não tivemos nossos direitos respeitados. Veja bem, não se trata de apenas UM MÊS de perdas, mas de pelo menos DOIS ANOS, fora todos os outros em que não tivemos nem um aumento sequer. E o que estamos reivindicando agora não é aumento, mas, o cumprimento da Lei do Piso respeitando nosso plano de carreira. Sabemos que os alunos estão sendo prejudicados com a greve, mas está não seria necessária e até teria terminado se tivéssemos nossos direitos respeitados. Os alunos também tem direito a educação e devem lutar por isso. Como? Podem se organizar, juntamente com os pais e cobrar do governo e não apenas de nós professores uma valorização da educação e o respeito a esse direito. Reitero, assim como temos obrigações devemos “todos” ter os direitos respeitados. Quem não está respeitando inicialmente isso, é o nosso governo estadual.
“… onde muitas vezes o aluno precisa aturar certos “professores”, pois não tem a mínima condição de estarem em uma sala de aula, então culpam o mau salário, mas disso o aluno não tem culpa”
Desculpe-me, mas, o professor antes de se efetivar passa por um estágio probatório de três anos, sendo avaliado durante esse período, portanto se existem professores “incompetentes” para o cargo, a falha está na avaliação de todo um sistema educacional. Além disso, existem profissionais desumanos, incompetentes que não mereceriam o salário que recebem, em todas as esferas da sociedade. Não podemos generalizar e condenar toda uma categoria por isso. Outro ponto que vale ressaltar, é que professores também são obrigados a conviver com inúmeras situações problemas dentro de uma sala de aula, onde estão sozinhos, não com um, mas, com 20 ou 30 alunos. Enfrentam muitas vezes o desrespeito de alunos, são muitas vezes agredidos fisicamente ou moralmente como se vê todos os dias nos noticiários e quem faz alguma coisa pra isso ser resolvido?
“Acho que o nosso atual governo não deveria só melhorar o salário dos professores, pois existem muitos que merecem um aumento significativo, mas é para aqueles que amam a sua profissão, não reclama ao ter que entrar na sala de aula, dão aulas de qualidade, repartem com o aluno todo seu conhecimento, tem sentimentos pelos alunos, seja este como for, tem orgulho em dizer que é um transformador de vidas, que são PROFESSORES, um mestre em mudar e criar situações que marquem a vida de seus alunos até que eles sejam adultos e possam se lembrar com carinho deste mestres, porque marcaram a vida deles de forma positiva”.
Professores são antes de tudo, seres humanos, dotados de sentimentos, e, com certeza, são os que mais se preocupam com seus alunos, se assim não fosse, não iriam em busca de formações continuadas, de licenciaturas, e especializações, estão constantemente estudando, procurando melhorar o desenvolvimento de seu trabalho. Porém, também tem o direito de em alguns momentos se sentir cansados, desanimados e reclamar da situação desgastante em que se encontram. Sim, porque professor muitas vezes tem que ser também pai, mãe, psicólogo, médico e resolver muitos problemas que não seriam de sua função, mas o fazem por amor a seus alunos e por se sentirem responsáveis por eles.
“…pois como profissionais concursados tem estabilidade, ele se sente no direito muitas vezes de fazer o que bem quer. Por isso essa estabilidade é realmente positiva”?
A estabilidade tem vários lados, não sei se a maioria da sociedade sabe, mas o professor depois de fazer uma prova de conhecimentos em que ele tem que atingir determinada nota para passar no concurso, passa mais três anos sendo avaliado (estágio probatório) neste período ele pode ser demitido se não for capacitado à sua função. Depois desse período passa a ter estabilidade, só pode ser demitido por justa causa. Contudo o que a sociedade talvez não saiba, é que se um professor quiser desistir de dar aulas, ele não tem direito a seguro desemprego, nem mesmo após vinte ou trinta anos de trabalho ele também não tem direito a fundo de garantia e até onde sei, nem a PIS ou PASEP. Talvez seja por isso que a grande maioria ainda não desistiu dessa profissão, porque sairá dela, sem benefício nenhum.
“Porque nós pais, nossos filhos, como podemos apoiar uma greve, quando o direito dos nossos filhos são tomados, é algo estranho de se pedir, que apoiemos a greve”.
Não acho que os pais tem que apoiar a greve, não estamos querendo manipular ninguém. Estamos apenas pedindo que respeitem nosso direito e que, se há uma preocupação com seus filhos, se o objetivo tanto de pais e professores é o mesmo, dar uma educação de qualidade aos filhos (alunos). Então sim, deveriam juntar forças aos professores e ir à busca do cumprimento desse direito.
“Professor Hélio Moritz, fiquei aliviada em ver que ainda há professores coerentes, sábios e com lembranças que já ouveram tempos bem piores”.
Realmente houve tempos bem piores. Mas, outros muito melhores, onde o professor era respeitado e valorizado, tanto pelo governo, quanto pela sociedade, infelizmente hoje não é mais assim, esse é um dos motivos pelos quais a educação está nessa situação de desvalorização, de abandono e de descaso.
“Quero fazer um pedido aos professores, que quando colocarem valores dos salários, coloquem o valor total com os benefícios, parem de enganar a população, colocando apenas o salário base. Tragam as informações corretas, senão vocês correm o risco de serem igualados aos políticos, que como vocês mesmo dizem são manipuladores de informações”.
Vou dar o meu salário como exemplo, pois não preciso enganar ninguém: Sou ACT, tenho formação superior e especialização, mas como não é na área que atuo, recebo apenas como ensino médio. Meu vencimento é de exatos R$ 350,08 outros benefícios que recebo: 1 triênio de 3%= R$ 14,80, Gratificação de regência de classe R$ 25% = 87,52, auxílio alimentação R$ 66,00, Prêmio Educar R$ 100,00, totalizando R$618,40 menos 8% de desconto de INSS R$ 49,47 sendo meu salário R$ 568,92(salário de 20 horas, todas as noites completas) Vale lembrar que no caso de licenças saúde, prêmio ou aposentadoria, não temos direitos aos benefícios de vale alimentação, prêmio educar o que diminui significativamente o salário. Pelas propostas do governo eu seria uma das mais beneficiadas, contudo não estou sendo egoísta e lutando apenas por mim, mas por toda uma classe que merece respeito, valorização e dignidade. Lembro que não temos os benefícios no fim de carreira, os quais citei no parágrafo da estabilidade.
“Se a profissão de professor está tão ruim, salários baixos, falta de incentivo, etc. Por que há tantos professores que ainda tem o sonho de fazer concurso público, por que no início do ano os mesmos ficam desesperados por vagas nas gerências no início de cada ano, por que há tantas salas de licenciaturas lotadas, existe algo de muito errado em tudo isso”.
Concursos públicos, para ter uma garantia de continuidade, quem consegue viver sabendo que num ano vai ter emprego e no outro pode não ter mais? Quem tem que sustentar uma família não pode ficar numa situação tão vulnerável.
Dona Juh, a Senhora não deve ter acompanhado as últimas escolhas de vaga para professor, se tivesse saberia que não existe mais desespero nessas escolhas, existe desespero com a falta de professores principalmente de disciplina como física, química, matemática, em que muitas escolas ficaram até um mês ou mais com falta desses professores.
As salas de licenciaturas não andam mais tão lotadas assim, e olha que hoje as vagas não são tão disputadas como na época em que fiz faculdade, que era de 4 a 5 candidatos por vaga.
…” pois na maioria dos casos esses profissionais que dizem ganhar tão pouco, se declaram como classe de miseráveis”,
Não somos, nem declaramos ser uma classe de miseráveis, somos sim uma classe em busca da valorização do seu trabalho, do respeito, da dignidade. Se vocês pais percebem quanta falta faz um professor nesses dias de greve, o quanto somos importantes para o futuro dos seus filhos, então nos valorizem como tal, nos também temos consciência da nossa função, sabemos melhor do que ninguém que temos responsabilidade direta com a formação e educação dos seus filhos, e é por isso que pedimos respeito e consideração.
Uma pergunta que me deixou um tanto triste foi: … “mas na sua maioria andam bem vestidos, tem carros bons, como se se faz essa matemática”?
Então por sermos professores não temos direito a ter carro, nem a andarmos decentemente vestidos? Isso me parece um tanto preconceituoso. Só para ter uma ideia o valor que investi até hoje em licenciaturas e especializações daria o valor de um carro novinho, carro que eu particularmente ainda não tenho. E abri mão de muitas coisas para poder estudar e exercer essa profissão. O que quero simplesmente, é que agora depois de tantos sacrifícios, tantas horas de sono perdidas, tantos momentos longe de minha família, tanto estudo, tanta dedicação a minha profissão, apenas espero o reconhecimento e a valorização de tudo isso. Será que estou pedindo demais?
Obrigada Meu Deus por sua benção e proteção!”
Caro Moacir, senhores pais em especial senhora JUH:
Gostaria neste depoimento de esclarecer algumas dúvidas da senhora Juh e de outros pais da nossa sociedade.
Peço desculpas se serei um tanto dura, mas chega a um ponto que nosso coração dói após tanta pressão, tanta falta de compreensão. Em primeiro lugar agradeço aos pais que compreendem nossas razões e que mesmo sabendo das perdas de conteúdos dos seus filhos, estão nos dando força e apoiando nessa busca por justiça. Agradecer também de coração por termos esse espaço para mostrar a realidade destes profissionais da educação, que estão sendo tão criticados por pessoas que estão tendo apenas uma dimensão do grande problema.
Peço licença para senhora Juh para usar partes de seu depoimento para tornar mais claras algumas dúvidas aqui apresentadas:
“Venho como mãe de alunos que estão sendo privados de buscar conhecimento… E pergunto, o estatuto da criança e do adolescente não diz que a educação é um direito adquirido dos mesmos, então se os professores reclamam que os direitos deles estão sendo feridos. E os alunos, dirão o que”?
Bem, para iniciar gostaria de colocar que a busca do conhecimento não se dá apenas no ambiente escolar, ninguém, nem mesmo os alunos estão “privados” de buscar conhecimentos, aliás, aqueles que realmente são bons alunos, não esperam apenas da escola e dos professores. O interesse em aprender vem de dentro. Na escola acontece a sistematização e organização dos pensamentos acerca das ideias e dos conceitos que possuem. Cito um pensamento do nosso querido Rubem Alves:
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
“Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”. Rubem Alves.
Outro ponto que gostaria de destacar, é que a educação não é apenas responsabilidade da escola e dos professores, mas de toda a sociedade, portanto, dos pais também. Não estou querendo tirar minha parcela de responsabilidade não, até porque tenho consciência de que minha profissão só existe por causa dos alunos, e é por eles também que estou lutando. Antes de ser professora, sou mãe, e também me preocupo com a educação da minha filha, contudo não posso jogar a culpa de determinadas situações a apenas uma pessoa ou categoria, também sou responsável por ela. Nós professores recorremos à greve como último recurso para fazer com que fosse cumprida uma lei que foi aprovada em 2008 e até agora não tivemos nossos direitos respeitados. Veja bem, não se trata de apenas UM MÊS de perdas, mas de pelo menos DOIS ANOS, fora todos os outros em que não tivemos nem um aumento sequer. E o que estamos reivindicando agora não é aumento, mas, o cumprimento da Lei do Piso respeitando nosso plano de carreira. Sabemos que os alunos estão sendo prejudicados com a greve, mas está não seria necessária e até teria terminado se tivéssemos nossos direitos respeitados. Os alunos também tem direito a educação e devem lutar por isso. Como? Podem se organizar, juntamente com os pais e cobrar do governo e não apenas de nós professores uma valorização da educação e o respeito a esse direito. Reitero, assim como temos obrigações devemos “todos” ter os direitos respeitados. Quem não está respeitando inicialmente isso, é o nosso governo estadual.
“… onde muitas vezes o aluno precisa aturar certos “professores”, pois não tem a mínima condição de estarem em uma sala de aula, então culpam o mau salário, mas disso o aluno não tem culpa”
Desculpe-me, mas, o professor antes de se efetivar passa por um estágio probatório de três anos, sendo avaliado durante esse período, portanto se existem professores “incompetentes” para o cargo, a falha está na avaliação de todo um sistema educacional. Além disso, existem profissionais desumanos, incompetentes que não mereceriam o salário que recebem, em todas as esferas da sociedade. Não podemos generalizar e condenar toda uma categoria por isso. Outro ponto que vale ressaltar, é que professores também são obrigados a conviver com inúmeras situações problemas dentro de uma sala de aula, onde estão sozinhos, não com um, mas, com 20 ou 30 alunos. Enfrentam muitas vezes o desrespeito de alunos, são muitas vezes agredidos fisicamente ou moralmente como se vê todos os dias nos noticiários e quem faz alguma coisa pra isso ser resolvido?
“Acho que o nosso atual governo não deveria só melhorar o salário dos professores, pois existem muitos que merecem um aumento significativo, mas é para aqueles que amam a sua profissão, não reclama ao ter que entrar na sala de aula, dão aulas de qualidade, repartem com o aluno todo seu conhecimento, tem sentimentos pelos alunos, seja este como for, tem orgulho em dizer que é um transformador de vidas, que são PROFESSORES, um mestre em mudar e criar situações que marquem a vida de seus alunos até que eles sejam adultos e possam se lembrar com carinho deste mestres, porque marcaram a vida deles de forma positiva”.
Professores são antes de tudo, seres humanos, dotados de sentimentos, e, com certeza, são os que mais se preocupam com seus alunos, se assim não fosse, não iriam em busca de formações continuadas, de licenciaturas, e especializações, estão constantemente estudando, procurando melhorar o desenvolvimento de seu trabalho. Porém, também tem o direito de em alguns momentos se sentir cansados, desanimados e reclamar da situação desgastante em que se encontram. Sim, porque professor muitas vezes tem que ser também pai, mãe, psicólogo, médico e resolver muitos problemas que não seriam de sua função, mas o fazem por amor a seus alunos e por se sentirem responsáveis por eles.
“…pois como profissionais concursados tem estabilidade, ele se sente no direito muitas vezes de fazer o que bem quer. Por isso essa estabilidade é realmente positiva”?
A estabilidade tem vários lados, não sei se a maioria da sociedade sabe, mas o professor depois de fazer uma prova de conhecimentos em que ele tem que atingir determinada nota para passar no concurso, passa mais três anos sendo avaliado (estágio probatório) neste período ele pode ser demitido se não for capacitado à sua função. Depois desse período passa a ter estabilidade, só pode ser demitido por justa causa. Contudo o que a sociedade talvez não saiba, é que se um professor quiser desistir de dar aulas, ele não tem direito a seguro desemprego, nem mesmo após vinte ou trinta anos de trabalho ele também não tem direito a fundo de garantia e até onde sei, nem a PIS ou PASEP. Talvez seja por isso que a grande maioria ainda não desistiu dessa profissão, porque sairá dela, sem benefício nenhum.
“Porque nós pais, nossos filhos, como podemos apoiar uma greve, quando o direito dos nossos filhos são tomados, é algo estranho de se pedir, que apoiemos a greve”.
Não acho que os pais tem que apoiar a greve, não estamos querendo manipular ninguém. Estamos apenas pedindo que respeitem nosso direito e que, se há uma preocupação com seus filhos, se o objetivo tanto de pais e professores é o mesmo, dar uma educação de qualidade aos filhos (alunos). Então sim, deveriam juntar forças aos professores e ir à busca do cumprimento desse direito.
“Professor Hélio Moritz, fiquei aliviada em ver que ainda há professores coerentes, sábios e com lembranças que já ouveram tempos bem piores”.
Realmente houve tempos bem piores. Mas, outros muito melhores, onde o professor era respeitado e valorizado, tanto pelo governo, quanto pela sociedade, infelizmente hoje não é mais assim, esse é um dos motivos pelos quais a educação está nessa situação de desvalorização, de abandono e de descaso.
“Quero fazer um pedido aos professores, que quando colocarem valores dos salários, coloquem o valor total com os benefícios, parem de enganar a população, colocando apenas o salário base. Tragam as informações corretas, senão vocês correm o risco de serem igualados aos políticos, que como vocês mesmo dizem são manipuladores de informações”.
Vou dar o meu salário como exemplo, pois não preciso enganar ninguém: Sou ACT, tenho formação superior e especialização, mas como não é na área que atuo, recebo apenas como ensino médio. Meu vencimento é de exatos R$ 350,08 outros benefícios que recebo: 1 triênio de 3%= R$ 14,80, Gratificação de regência de classe R$ 25% = 87,52, auxílio alimentação R$ 66,00, Prêmio Educar R$ 100,00, totalizando R$618,40 menos 8% de desconto de INSS R$ 49,47 sendo meu salário R$ 568,92(salário de 20 horas, todas as noites completas) Vale lembrar que no caso de licenças saúde, prêmio ou aposentadoria, não temos direitos aos benefícios de vale alimentação, prêmio educar o que diminui significativamente o salário. Pelas propostas do governo eu seria uma das mais beneficiadas, contudo não estou sendo egoísta e lutando apenas por mim, mas por toda uma classe que merece respeito, valorização e dignidade. Lembro que não temos os benefícios no fim de carreira, os quais citei no parágrafo da estabilidade.
“Se a profissão de professor está tão ruim, salários baixos, falta de incentivo, etc. Por que há tantos professores que ainda tem o sonho de fazer concurso público, por que no início do ano os mesmos ficam desesperados por vagas nas gerências no início de cada ano, por que há tantas salas de licenciaturas lotadas, existe algo de muito errado em tudo isso”.
Concursos públicos, para ter uma garantia de continuidade, quem consegue viver sabendo que num ano vai ter emprego e no outro pode não ter mais? Quem tem que sustentar uma família não pode ficar numa situação tão vulnerável.
Dona Juh, a Senhora não deve ter acompanhado as últimas escolhas de vaga para professor, se tivesse saberia que não existe mais desespero nessas escolhas, existe desespero com a falta de professores principalmente de disciplina como física, química, matemática, em que muitas escolas ficaram até um mês ou mais com falta desses professores.
As salas de licenciaturas não andam mais tão lotadas assim, e olha que hoje as vagas não são tão disputadas como na época em que fiz faculdade, que era de 4 a 5 candidatos por vaga.
…” pois na maioria dos casos esses profissionais que dizem ganhar tão pouco, se declaram como classe de miseráveis”,
Não somos, nem declaramos ser uma classe de miseráveis, somos sim uma classe em busca da valorização do seu trabalho, do respeito, da dignidade. Se vocês pais percebem quanta falta faz um professor nesses dias de greve, o quanto somos importantes para o futuro dos seus filhos, então nos valorizem como tal, nos também temos consciência da nossa função, sabemos melhor do que ninguém que temos responsabilidade direta com a formação e educação dos seus filhos, e é por isso que pedimos respeito e consideração.
Uma pergunta que me deixou um tanto triste foi: … “mas na sua maioria andam bem vestidos, tem carros bons, como se se faz essa matemática”?
Então por sermos professores não temos direito a ter carro, nem a andarmos decentemente vestidos? Isso me parece um tanto preconceituoso. Só para ter uma ideia o valor que investi até hoje em licenciaturas e especializações daria o valor de um carro novinho, carro que eu particularmente ainda não tenho. E abri mão de muitas coisas para poder estudar e exercer essa profissão. O que quero simplesmente, é que agora depois de tantos sacrifícios, tantas horas de sono perdidas, tantos momentos longe de minha família, tanto estudo, tanta dedicação a minha profissão, apenas espero o reconhecimento e a valorização de tudo isso. Será que estou pedindo demais?
Obrigada Meu Deus por sua benção e proteção!”
Assembléia dia 16-06
Mais de 500 profissionais da educação estiveram presentes na assembleia regional e decidiram pela continuidade da greve.
A proposta apresentada pelo governador não atende as principais reivindicações da categoria, os professores, com pós-graduação e com aulas excedentes perdem.
O comando da greve comunica aos professores da regional que o ponto de encontro do comando da greve é em frente da E.E.B. São Miguel diariamente a partir da 9hs e a tarde a partir das 14hs.
Fotos da Assembleia regional do dia 16/06.
Nenhum comentário:
Postar um comentário